Manchester City 0 x 0 Manchester United – Duelo de propostas diferentes com modelos bem executados
Já era de se esperar que o duelo entre os dois arquirrivais da cidade de Manchester serviria como um embate tático também das propostas de jogo que cada time carrega. Do lado do time da casa, o modelo de jogo de Guardiola se baseia na busca incessante pela posse da bola, propondo o jogo, trabalhando a movimentação e a compactação dos setores no campo de ataque, sempre com intensidade. Sem a bola, o incansável perde-pressiona, para recuperar a bola o mais cedo possível e o mais perto do gol adversário. Do lado dos visitantes, a proposta de jogo reativo, com compactação entre linhas, a cobertura muito bem trabalhada, superioridade numérica no setor da bola e a transição rápida para tentar explorar a velocidade dos extremos.
E o duelo tático se manteve desde o primeiro minuto de bola rolando até o último no Ettihad Stadium. Com domínio absoluto da posse de bola, o 4-2-3-1 do City tentava buscar as brechas da ótima marcação e compactação do 4-1-4-1 do United sem a bola, com Rashford e Martial buscando as transições de contra-ataque. Com 70% do jogo no campo de ataque, os donos da casa tiveram mais posse e, obviamente, mais volume de jogo. Ainda assim, dificuldade para criar espaços e infiltrar.
Sem a bola, o City exerceu bem o famoso ‘perde-pressiona’. Com jogadores próximos no setor da bola, o United teve dificuldades para encaixar bons contra-ataques. Suas melhores chances aconteceram em jogadas individuais com dribles e arrancadas de Martial e bolas paradas.
Superioridade na saída da bola, dificuldade de jogar nas entrelinhas:
Propondo o jogo desde o início, o City tinha facilidade para sair a bola com rapidez e segurança. Fernandinho abria como opção recuando à direita de Kompany e empurrando Zabaleta para o campo de ataque, em busca de amplitude lateral. Sterling, por sua vez, passava a jogar no espaço entre Blind e Darmian, na tentativa de receber passes entrelinhas que quebrassem as linhas de marcação de Mourinho. Touré recuava também para facilitar a saída de 4 do City, com superioridade numérica e proximidade entre seus jogadores, levando a bola com facilidade ao campo de ataque.
Muito bem marcado por Carrick – um dos melhores em campo na primeira etapa-, De Bruyne teve dificuldades para abrir linhas de passe e, sobretudo, jogar entrelinhas. Ele tentava trazer Carrick para um dos lados do campo e, assim, abrir um canal de interação entre a primeira linha de construção do City e Agüero. Esse canal chegou a funcionar com Kompany rompendo as linhas com passes diretos ao atacante argentino, destaque do time na partida. Ainda assim, sem eficiência para dar continuidade à jogada.
Quando Carrick percebeu essa movimentação de De Bruyne, passou a largá-lo e deixar a marcação por zona acertar o posicionamento. O meia belga, então, passou a migrar para a ponta-esquerda, empurrando Sané para a área e prendendo ainda mais Valencia e Baily.
Compactação ofensiva e Agüero abrindo novos canais de passe:
O City rodava o jogo, construía por dentro, por fora, sempre com proximidade entre as peças ofensivas, mas ainda assim sem grande poder de infiltração e com poucas finalizações. Agüero, por sua vez, passava a sair mais da área, buscar os ‘half-spaces’ entre laterais e zagueiros, abrindo novos canais de passe mais próximo da área.
United com superioridade no setor da bola:
O time de Mourinho não pressionou a primeira fase de construção do City. Marcando por zona, preferiu exercer a pressão em seu campo de defesa, por meio de zonas de pressão em determinados setores da bola, sempre com superioridade numérica no combate e coberturas eficientes.
Guardiola marca com a bola e evita transições rápidas no contra-ataque:
Característica dos times treinados pelo fabuloso treinador espanhol, o Man.City também consegue preparar uma eventual transição defensiva enquanto ainda tem a bola no campo de ataque. É o famoso “marcar com a bola”.
Com ótima compactação ofensiva, enquanto Fernandinho decide qual a melhor opção de passe, com De Bruyne e Agüero abertos na esquerda e Touré entrelinhas, Kompany preocupa-se com uma eventual perda da posse, ficando pronto para pressionar Rashford em caso de uma tentativa de contra-ataque rápido. Marca dos trabalhos de Guardiola, esse tipo de estratégia inibe diversas transições rápidas. Por isso o United teve tanta dificuldade em contra-atacar.
Deixe um comentário