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27/04/2017 / Campo de 11

Manchester City 0 x 0 Manchester United – Duelo de propostas diferentes com modelos bem executados

Já era de se esperar que o duelo entre os dois arquirrivais da cidade de Manchester serviria como um embate tático também das propostas de jogo que cada time carrega. Do lado do time da casa, o modelo de jogo de Guardiola se baseia na busca incessante pela posse da bola, propondo o jogo, trabalhando a movimentação e a compactação dos setores no campo de ataque, sempre com intensidade. Sem a bola, o incansável perde-pressiona, para recuperar a bola o mais cedo possível e o mais perto do gol adversário. Do lado dos visitantes, a proposta de jogo reativo, com compactação entre linhas, a cobertura muito bem trabalhada, superioridade numérica no setor da bola e a transição rápida para tentar explorar a velocidade dos extremos.

E o duelo tático se manteve desde o primeiro minuto de bola rolando até o último no Ettihad Stadium.  Com domínio absoluto da posse de bola, o 4-2-3-1 do City tentava buscar as brechas da ótima marcação e compactação do 4-1-4-1 do United sem a bola, com Rashford e Martial buscando as transições de contra-ataque. Com 70% do jogo no campo de ataque, os donos da casa tiveram mais posse e, obviamente, mais volume de jogo. Ainda assim, dificuldade para criar espaços e infiltrar.

Sem a bola, o City exerceu bem o famoso ‘perde-pressiona’. Com jogadores próximos no setor da bola, o United teve dificuldades para encaixar bons contra-ataques. Suas melhores chances aconteceram em jogadas individuais com dribles e arrancadas de Martial e bolas paradas.

City x United 1

Superioridade na saída da bola, dificuldade de jogar nas entrelinhas:

Propondo o jogo desde o início, o City tinha facilidade para sair a bola com rapidez e segurança. Fernandinho abria como opção recuando à direita de Kompany e empurrando Zabaleta para o campo de ataque, em busca de amplitude lateral. Sterling, por sua vez, passava a jogar no espaço entre Blind e Darmian, na tentativa de receber passes entrelinhas que quebrassem as linhas de marcação de Mourinho. Touré recuava também para facilitar a saída de 4 do City, com superioridade numérica e proximidade entre seus jogadores, levando a bola com facilidade ao campo de ataque.

Muito bem marcado por Carrick – um dos melhores em campo na primeira etapa-, De Bruyne teve dificuldades para abrir linhas de passe e, sobretudo, jogar entrelinhas.  Ele tentava trazer Carrick para um dos lados do campo e, assim, abrir um canal de interação entre a primeira linha de construção do City e Agüero. Esse canal chegou a funcionar com Kompany rompendo as linhas com passes diretos ao atacante argentino, destaque do time na partida. Ainda assim, sem eficiência para dar continuidade à jogada.

Quando Carrick percebeu essa movimentação de De Bruyne, passou a largá-lo e deixar a marcação por zona acertar o posicionamento. O meia belga, então, passou a migrar para  a ponta-esquerda, empurrando Sané para a área e prendendo ainda mais Valencia e Baily.

de bruyne esquerda

De Bruyne à esquerda, com Sané por ora centralizado, Agüero buscando eventuais espaços entre Darmian e Blind. Com a bola, Touré com três opções de passe. Sterling, por dentro, em mais uma prova da movimentação constante das peças ofensivas.

Compactação ofensiva e Agüero abrindo novos canais de passe:

O City rodava o jogo, construía por dentro, por fora, sempre com proximidade entre as peças ofensivas, mas ainda assim sem grande poder de infiltração e com poucas finalizações. Agüero, por sua vez, passava a sair mais da área, buscar os ‘half-spaces’ entre laterais e zagueiros, abrindo novos canais de passe mais próximo da área.

aguero linha de passe.png

Aguero se afasta de Blind, criando ótima linha de passe para Sterling explorar. O extremo tinha ainda duas outras opções de passe. Ataque do City compacto e intenso, com movimentação e proximidade entre as peças.

United com superioridade no setor da bola:

O time de Mourinho não pressionou a primeira fase de construção do City. Marcando por zona, preferiu exercer a pressão em seu campo de defesa, por meio de zonas de pressão em determinados setores da bola, sempre com superioridade numérica no combate e coberturas eficientes.

Sup United 1

Superioridade numérica no setor da bola e pressão no futuro receptor.

sup United 2

Três jogadores cercam e pressionam o portador da bola, enquanto Rashford espera, logo atrás, uma possível roubada seguida de passe para transição rápida. Blind se prepara atrás para pressionar De Bruyne e Valencia para diminuir os espaços se a bola vier para o seu lado do campo.

Guardiola marca com a bola e evita transições rápidas no contra-ataque:

Característica dos times treinados pelo fabuloso treinador espanhol, o Man.City também consegue preparar uma eventual transição defensiva enquanto ainda tem a bola no campo de ataque. É o famoso “marcar com a bola”.

Com ótima compactação ofensiva, enquanto Fernandinho decide qual a melhor opção de passe, com De Bruyne e Agüero abertos na esquerda e Touré entrelinhas, Kompany preocupa-se com uma eventual perda da posse, ficando pronto para pressionar Rashford em caso de uma tentativa de contra-ataque rápido. Marca dos trabalhos de Guardiola, esse tipo de estratégia inibe diversas transições rápidas. Por isso o United teve tanta dificuldade em contra-atacar.

FT1 CityvsUnited

 

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